Acordar

Hora dessas acordei fora do lugar habitual, percebi que algo estava estranho, não era ali que deveria estar... Pensei, pensei, pensei... Onde estaria o erro? As coisas pareciam disformes, minha imagem refletida no vidro da janela mostrava outra pessoa. Onde eu estava? Quem era eu?

Sombra do meu eu...

“Todos os dias quando acordo, não tenho mais o tempo que passou...”

Absorvemos conhecimento a todo minuto, uma tempestade de coisas novas entram em contato com nossos sentidos a todo segundo, e tem dias que só queríamos um sentimento que fazia parte de nós outrora.

Hoje, lendo uma revista de educação, me deparei com a seguinte frase: “O presente é a sombra que se move separando o ontem do amanhã.” (Frank Lloyd Wright)... Nesse instante pude ver minha sombra na parede, tão distante daquilo que julgo ser eu, daquilo que julgo pensar correto, daquilo que julgo agir correto.

Então permaneço aqui, ansiando mais clareza e discernimento, pedindo a Deus que desenrole o mundo que debruça sobre a mesa da sala de jantar, mundo esse que domina meus dias e enche de distúrbios meus pensamentos noturnos.

Passatempo...

Faz algum tempo que não faço isso, costumava ser mais frequente... E como é bom...

Missão: Ligar o rádio e a primeira música que tocar, se movimentar no ritmo até ela acabar, hahaha... que muitoooo bommm...

Esse era o meu passatempo preferido quando fui morar sozinha, e acabo de perceber que continua sendo...

Ninguém precisa presenciar a minha ridícula falta de coordenação para a dança, nem eu mesma, pois nesse instante fecho os olhos e sinto o movimento, sou única no meu mundo...
Aaaa... não vou abaixar o volume do rádio, tudo vibra, esse momento é meu, exclusivo, doação completa ao movimento, desordenado, desengonçado, atrapalhado, confuso, tumultuado, delirante, desregrado...

Sou livre, sou minha... Bailarina!!!

Livre arbítrio ...

Ela disse:
- Faço o que eu quero... Na hora que eu quero!!!
- Ninguém manda em mim!

E então a Joaninha parte em busca de seu novo mundo,
Com novas cores e formas,
Novos aromas, sabores e sensações.

Borboleta

Adaptação, palavra bem forte quando temos que sair de uma zona de conforto e passar a conviver com o novo... Tudo muito quente, cheio de graça, vontade de querer mais, até se tornar o novo frio e sem muita graça...

Será que esse novo é necessário, nos fará bem?

E onde estão as tremedeiras? Serão só minhas?
Qual o problema da continuidade?
O que há de errado?
O medo de ficar longe e o desejo contínuo de estar perto?!!!

Borboleta... no singular, egoísmo puro e sólido de estar só em seu estado de transformação... sinônimo perfeito!

Coisas que ouvimos...

Durante nossa breve vida, ouvimos tanto, guardamos tão pouco de tudo que entra em nossos ouvidos, somos seletivos, ouvimos o que gostamos de ouvir...

Sei que existe uma diferente entre ouvir e escutar, não sei direito qual é qual, mas sei que em uma delas nós absorvemos o conhecimento da fala e guardamos como lição de vida e a outra, simplesmente entra por um ouvido e sai pelo outro.

Algumas pessoas gostam de recordar o que as fazem sofrer, falas que trazem mágoa, tristeza e angústia... Remoem diálogos ao longo de suas vidas e não conseguem se libertar desse sofrimento.

Outras, “mais espertas”, conseguem abstrair a parte ruim de qualquer oratória e guardar em suas memórias tudo que é bom, o que enaltece, enobrece, exalta e fortalece o espírito.

Aaa... Como é bom ouvir e lembrar de coisas boas...

Uma vez um AMIGO meu, que passava por um momento escuro em sua vida, momento de batalha, disse-me que “sabia” o que queria, que já tinha feito sua escolha, sabia a tempestade que viria mas que ia passar... e depois de toda tempestade, sabemos que o sol sempre volta a brilhar. Achei isso fantástico e pensei na hora: “Como ele é forte, como é bom conviver com pessoas assim...” (Tenho certeza que não me enganei.)

Passamos por momentos únicos, marcantes e vibrantes... Não devemos ficar guardando aquilo que nos faz mal, eu não quero e não posso, se o fizesse, maltrataria meu coração, estaria sendo injusta comigo e desperdiçando as oportunidades que Deus me manda todos os dias.

Quando penso que tenho tão pouco tempo para aproveitar, transformo os obstáculos que aparecem em minha frente em degraus, e aos poucos eu vou subindo e encontrando mais luz...

Se alguma janela se fecha a minha frente, fecho os olhos e corro para dentro de minha mente, recordo alguma conversa, alguma palavra de afeto, alguma expressão que me de força, qualquer vocábulo que me faça sorrir...

Então meus olhos, antes serrados como vidraças, começam a se abrir novamente, as lágrimas que simulam a chuva se secam e o dia vai clareando, se mostra lindo e pronto para ser saboreado pela minha alma!

Vazio...

Sentimento de nada,
Vontade de escrever algo que não existe,
Vontade de gritar o que está entalado na garganta,
Vontade de correr pelas ruas vazias,
Vontade de encontrar alguém que está distante...